sexta-feira, 4 de março de 2011

Tron: Uma Questão Mística Judaica



“O problema com a imperfeição é que ela é irreconhecível” – Kevin Flynn, em Tron – O Legado


Esqueça o relançamento de um filme sobre o Shoah - o Holocausto judaico. Para ver um filme sobre o Holocausto voltado para a geração digital, assista Tron - O Legado
.
Muito parecido com o original de 1982 (Tron - Uma Odisséia Eletrônica), uma das grandes obras-primas do cinema americano contemporâneo, a seqüela é, em grande parte, um conto de perseguição religiosa. 

O vilão do filme é Clu, um programa de computador. Clu está furioso com a existência de falhas e erros, e sonha com um mundo perfeito. Seu primeiro passo rumo à dominação do mundo é a captura de seu programador, Kevin Flynn. Sua segunda etapa é o genocídio, dirigido contra as ISOs, sofisticada e auto-geração de programas que são humanos, demasiados humanos e, portanto, imperfeitos, muito imperfeitos. Flynn e seu filho, ajudados pelo último dos ISOs, iniciam uma batalha contra Clu e seus asseclas em um cenário wagneriano repleto de imagens religiosas, que inclui uma morada na montanha Olympus, um personagem chamado Zeus, e Jeff Bridges em roupas brancas e uma barba branca, assumindo a aparência de um místico espiritualista que alcançou uma mente elevada, um verdadeiro Qabalista.

O que torna o tema religioso mais do que um mero florescer, no entanto, é a complexa relação entre Clu e Flynn. Clu é o alter ego de Flynn, que após três décadas está mais velhos e infinitamente mais sábio, usando a kavanná (introspecção interior) como ferramenta para elevar sua mente e alcançar compreensão. Flynn criou Clu para melhorar o mundo. Jovem e impaciente, Flynn tinha fé, ao criar um mundo virtual, em compreender a virtualidade deste nosso mundo fragmentado (a Árvore da Penetração do bem e do mal) e em sua capacidade em redimir a humanidade. E Clu, como qualquer criatura feita de códigos, aspira a nada mais, nada menos, do que a eliminação do acaso, dos acontecimentos aleatórios dentro do programa. Ele aspira à eliminação dos humanos e dos ISOs, que são cheios de caprichosa e irracional emoção, que lhe causa susto e nojo.

O criador do filme original, Steven Lisberger, falou sobre essa dualidade, em uma recente entrevista. "Meu pai era um judeu alemão", disse ele. "E o lado materno da minha família o colocou em um campo de concentração." Os laços intrincados entre o bem e o mal nunca foram perdidos em Steven Lisberger, e isto está aludido em Flynn e Clu, que é o lado maléfico do próprio Flynn.

Conforme nos tornamos cada vez mais dependentes de softwares para navegar cada elemento da nossa vida, a gente pode querer dar uma boa olhada em Clu e perceber que, enquanto as máquinas não confiáveis são provavelmente um perigo claro e presente, a nossa tendência crescente é para pensar como máquinas. Quanto mais permitimos que os programas mediem nossas interações uns com os outros, mais nós deixamos nossos cálculos em computadores, mais nós confiamos algoritmos para nos ajudar a encontrar um emprego ou uma casa e um companheiro de alma, quanto mais fizermos tudo isso, menos humanos nos tornamos. Estaremos assumindo de fato a nossa forma virtual.

A perda da humanidade é o grande tema de Tron. Com todos os seus flashes virtuais, o filme merece ser levado a sério.

Está é a pergunta que não quer calar: Por que nós nos relacionamos tão bem com o mundo virtual a ponto de trocarmos o mundo que consideramos "real" pelo virtual? Este é o mistério:

Foi dito pelos antigos sábios da Chochmat Nistar Há´Torah (A Sabedoria Escondida da Torah) que, tudo o que existe aqui no olam hazêh (este mundo) tem sua forma e nome registrados, escritos no Gan Éden Elion (Jardim do Éden superior), até mesmo as coisas que aqui ainda não foram criadas tem suas formas e nomes registrados lá. 

Logo, concluímos que este mundo é uma "projeção" do mundo superior. E como sabemos, projeções tem suas limitações. Tudo é feito de luz, e devemos lembrar que a luz desce dos mundos superiores, sendo canalizadas pelas sefirot da Árvore das Vidas, e chega aqui bem tênue, fraca, o que provoca a imperfeição e diferença entre o objeto e sua forma superior. Exemplo, é que hoje temos a Hight Definition e nem todos os aparelhos de televisão comportam tal tecnologia. 

A boa noticia é que, alguns de nós, dentro do mundo virtual, como Kevin Flynn, despertamos e nos tornamos mais sábios.

A humanidade ainda não descobriu como Flynn, um hacker (literalmente "aquele que abre portas) do mundo virtual, mas como cruzar a "fronteira". À medida que a humanidade penetra no século 21, mais e mais mistérios da Torah vão sendo revelados à ciência.

Em uma parábola o Zohar nos revela que este mundo é mesmo uma projeção virtual. Diz o zohar: "A mãe emprestou suas roupas para a filha..." - A mãe é o mundo superior, o sefirot redentivo de Biná, onde fica o Jardim do Éden superior, e a filha é Malchut, o nosso mundo.

O choque será gigantesco quando cruzarmos a fronteira e descobrirmos que tudo sempre foi uma ilusão, uma projeção.

Mas... Talvez, alguns de nós, como Kevin Flynn, despertem e dominem os seus inimigos internos representados por Clu, e os transformem, conforme nos ensina o Likutei Amarim Tânya, em bem, e nos tornemos, como Flynn, em luz...

Metatron

Devemos ter em mente que “Tron” é uma abreviação de “Metratron” que usava a boca de Rabi Akiva para comunicar os mistérios.

Metatron é também conhecido como o "Príncipe do Rosto Divino", "Anjo do Pacto" ou "Rei dos Anjos", é o responsável pela existência do mundo e pela sustentação da raça humana. No Talmude é considerado a ligação direta entre Deus e os homens; na Cabala é chamado "Anjo do Senhor". Também se atribui a ele ter segurado a mão de Abraão quando ele estava a ponto de sacrificar Isaac, embora essa missão também tenha sido atribuída a Micael. Uma versão conta que Enoch, ao ser definitivamente transportado para o céu, recebeu a ajuda do arcanjo Micael, que o ungiu com óleos e o vestiu para que tomasse a aparência do anjo Metatron. Como era um escriba na terra, Metatron passou a registrar tudo o que acontecia, exercendo no céu a mesma função que desempenhava como humano. A idéia de que nossos feitos estão registrados no Céu e que serão consultados no dia do Juízo Final corresponde a essa metáfora do escriba. Outra versão aponta a presença do arcanjo na criação do mundo, invalidando a hipótese de que ele seria um homem elevado à condição de anjo. Metatron habita o Sétimo Céu e pode tomar a aparência de um pilar de fogo com o rosto mais ofuscante do que o Sol. O significado do nome Metatron é incerto. Alguns acreditam que seu nome era derivado do latim metator (guia, mediador). Outros asseguram que se originou nos círculos judeus e deve ser considerado como uma invenção puramente judaica, uma metonímia para o termo "pequeno YHWH" (nome sagrado de Deus). Seu nome é interpretado como "aquele que ocupa o trono próximo do trono divino".

O valor em gematria de Metatron é 314, o mesmo que Shadai que é o Anjo do Pacto, cujas letras são um acrônimo para “Shomer Daletot Yesod – Guardião das Portas de Yesod – o mundo dos segredos na Árvore das Vidas.

Para terminar, devo confessar, que fiquei impactado por Tron, e chorei muito no final, não porque é um filme belo, bonito, mas um resultado dos mistérios penetrando a minha alma.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Zohar & O Livro Selado De Dani´El







וְאַתָּה דָנִיֵּאל, סְתֹם הַדְּבָרִים וַחֲתֹם הַסֵּפֶר--עַד-עֵת קֵץ; יְשֹׁטְטוּ רַבִּים, וְתִרְבֶּה הַדָּעַת


"Tu, porém, Dani´El, encerra as palavras e sela o livro, até o tempo do fim, muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará (Dani´El péreq 12, 4º passuq)".

Este tem sido um antigo e obscuro enigma, perseguido por muitos e penetrado por poucos, até agora. A maioria procurou interpretá-lo usando ferramentas limitadas e não apropriadas, outros criaram suas próprias idéias sobre este profundo mistério: "O Livro Selado". Eu estive meditando sobre este mistério, tentando penetrá-lo com esforço e temor, até que o "Tzadiq Nistar" veio e contou-me sobre ele.

Qual seria este Livro Selado de Dani´El? A pergunta pode ser respondida e o seu mistério penetrado quando lemos o passuq 3º: "E os sábios brilharão como o "esplendor" do firmamento, e aqueles que retornarem à justiça para muitos, serão como as estrelas para sempre".

No original hebreu a palavra "esplendor" é literalmente "Zohar" e aqui temos o mistério do livro selado e revelado a sua identidade: O Zohar - O Livro do Esplendor.

Muitas pessoas vão, é claro, questionar: "Mas o Zohar já existia no tempo de Dani´El? não foi ele revelado ao Rabbi Shimeon bar Yochai na Palestina do século 1º? A resposta surpreenderá a muitos: Sim, o Zohar já existia no tempo de Dani´El, e este é o seu mistério.

O Talmude nos diz que na primeira vez em que Moshê recebeu as Tábuas da Torah, ele recebeu "Seis Tábuas", e após quebrá-las, na segunda vez em que subiu os mundos celestiais para recebê-la novamente, ele recebeu "Cinco Tábuas", uma a menos que na primeira vez, e por quê? Porque uma foi escondida, pois esta, diferente das outras que eram a "Torah Bereshit, a Torah Shemot, a Torah Vay´qrá, a Torah Bamidbar e a Torah Devarim, a "Sexta Torah" era a "Torah dos Mistérios", a "Torah Sód", que fora escondida pela razão de que os hebreus tinham utilizado mal o seu conhecimento e sabedoria.

Alguém poderá estranhar esta surpreendente revelação: Seis Toratót? Seis Tábuas? Sim, é verdade, e é por isto também que a Torah é chamada de "Amudim Vavim ou Vovim (Colunas de Vavs)". Para aqueles que estudam as Oti´Ót Sagradas, é evidente que "Vavim" e o plural de "Vav" que é a sexta letra do Alef beit, cujo valor numérico é "6", e tudo está atado a este mistério. Foram seis os dias da criação, Adam foi criado no sexto dia, o nosso Glorioso Shabat tem inicio ao entardecer do sexto dia, e no Qidush nos recitamos o "Iom Ha-Shishi (O Sexto Dia)". Assim, o primeiro verso do Bereshit esconde este mistério da Torah celeste, a Torah dos mistérios, escondida e revelada para Dani´El e depois escondida novamente para ser revelada ao Rabbi Shimeon bar Yochai e escondido por 1200 anos, revelado ao Rabbi Moshê deLeon e finalmente aberto no nosso tempo, na "Sexta feira cósmica".

Diz o Bereshit (Gênesis): "Bereshit bará Eloqim et ha-shamayim ve´et ha-aretz (No principio D´us criou os Céus e a Terra)".


בְּרֵאשִׁית, בָּרָא אֱלֹהִים, אֵת הַשָּׁמַיִם, וְאֵת הָאָרֶץ

Acima nós podemos notar claramente este mistério, onde o termo "Et
(sublinhado e em azul)" é a Torah dos Céus que possui Seis Livros (Tábuas)
e o segundo "Et (tb sublinhado e em verde)" é a Torah da Terra que
possui cinco Livros. Logo em seguida a "Et Ha-Shamayim" nós temos a
"Letra Vav (וְ)"
revelando que esta Torah (
אֵת
dos Céus é a Torah de Seis Tábuas, e no final temos "Et Ha-Aretz (
אֵת הָאָרֶץ
onde logo em seguida de "Et (
אֵת
)" nos temos a letra "Hê  (
הָ
)" cujo valor numérico é "Cinco" e nos revela que está Torah  (
אֵת
é a Torah da Terra.

Os Cristãos & O Zohar

Para os Cristãos, aqueles que estão mais atados aos dogmas e separados da Sabedoria Divina, que revelar que os primeiros Talmidim (Discípulos) estavam intimamente ligados com a "Chochmat Nistar (Sabedoria Escondida)" e com o Zohar, mesmo no tempo em que ele ainda não havia sido revelado ao Rabbi Shimeon.
No carta aos Hebreus, o desconhecido autor diz no passuq 3º do péreq 1º: "Ele, que é o esplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as cousas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas (Hebreus péreq 1, 3º passuq)".
Ao contrário do que disseram os teólogos, exegetas, etc, o verso não está falando de "Yashua (Jesus)" e sim do "Zohar Qadosh". O texto original hebreu diz: "Ve´hú Zohar kevodô...". Literalmente está dizendo "E ele, o Zohar da Glória d´Ele (D´us)...", e mais para frente diz "col bi´devar guevuratô", ou seja, tudo pela palavra da Sua guevurá (Sefirá da Árvore das Vidas)", e um pouco mais para frente diz "yashev iamin ha´guedulá", ou seja, "assentou-se à direita de guedulá (Sefirá Chéssed da Árvore das Vidas)".
Portanto, o Zohar Sagrado é mencionado tanto no "Tanach" como na chamada "Brit chadashá", e talvez seja por isto que Paulo, o apóstolo disse: "Eis que vos conto um mistério... (Ha-rishoná el ha-qorintiim 15, 51º passuq)". No original hebraico ele diz "Hinêh sód agidá lachêm...", fazendo uso do termo "Sód (Segredo/mistério)" que se refere à Chochmat Nistar (Sabedoria Escondida), e ainda usa o termo "aguidá" cuja raíz é a mesma de "agadá" que alude a "contar algo que contém um mistério, um segredo místico".
Fazendo uso da "Chochmat Nistar" Paulo diz: "Conheço um homem no Mashiach que há quatorze anos foi ao "terceiro céu"... foi elevado ao Paraíso (Ha-sheni el ha-Qorintiim 12, 2º, 3º e 4º pessuqim)".
Aqui Paulo está falando do Rabbi Akiva, pois ao dizer que ele, este homem esteve no Paríso, Paulo usa o termo "PARDES" e não "Gan Éden (Jardim do Éden)", e nós sabemos que somente quatro rabbis estiveram no PARDES e o único a sair ileso foi o Rabino Akiva, que viveu até os 120 anos.
Ainda, Paulo diz "foi ao "raqia shilishi (terceiro céu)" e este é o segredo do Zohar, conforme nos é dito por Dani´El e pelo próprio Zohar: "E os sábios brilharão como o "esplendor" do firmamento, e aquele que retornarem à justiça para muitos, serão como as estrelas para sempre". Aqui claramente está indicado a "residência secreta do Zohar Santo quando em Dani´El encontramos "Esplendor do Firmamento". No original hebraico diz "ka-Zohar ha-raqia... (como o Zohar do firmamento)". O termo "Raqia" alude ao "Terceiro Céu" o qual o próprio Zohar revela ser o seu nome "Raqia" e a residência do próprio Zohar.

וְהַמַּשְׂכִּלִים--יַזְהִרוּ, כְּזֹהַר הָרָקִיעַ; וּמַצְדִּיקֵי, הָרַבִּים, כַּכּוֹכָבִים, לְעוֹלָם וָעֶד 

Acima no texto hebreu, nós podemos notar em abobora "Zohar ha-raqia" no verso 3 de Dani´El capítulo 12. Portanto, agora sabemos que o Zohar fora mencionado na Bíblia e que Ele é a Torah dos Mistérios, a Torah dos Céus.

וְהַמַּשְׂכִּלִים--יַזְהִרוּ, כְּזֹהַר הָרָקִיעַ; וּמַצְדִּיקֵי, הָרַבִּים, כַּכּוֹכָבִים, לְעוֹלָם וָעֶד

Acima, temos o passuq 3 original de Dani´El 12. Dentro deste passuq (versículo) soletrado a cada 3 letras nós encontramos "Zohar" como podemos ver em letras marcadas na cor vermelha.
Voltamos então ao passuq 4 do mesmo capítulo 12:"Tu, porém, Dani´El, encerra as palavras e sela o livro, até o tempo do fim, muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará (Dani´El péreq 12, 4º passuq)".

 וְאַתָּה דָנִיֵּאל, סְתֹם הַדְּבָרִים וַחֲתֹם הַסֵּפֶר--עַד-עֵת קֵץ; יְשֹׁטְטוּ רַבִּים, וְתִרְבֶּה הַדָּעַת

Contamos 53 letras a partir da letra "Resh (R)" de Zohar e encontramos a palavra "Sefer (Livro)" com o artigo "Hê" visto acima em vermelho. Juntando tudo, temos e emprestando o artigo "Hê" para o "Zohar" teremos em hebraico "Sefer Ha-Zohar" que literalmente é "O Livro do Zohar".
"Muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará..." - Hoje, o Zohar está sendo conhecido no mundo todo. Milhares de pessoas o estão estudando, examinando minuciosamente, que é o significado de "esquadrinhar" e o conhecimento das coisas antes secretas está nas bocas até mesmo dos pequeninos...
Shavuá Tóv
Dúvidas sobre este assunto e suas alusões místicas? Escreva para:
hayklaarazuta.dmadvra@gmail.com

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Judaísmo do Deserto

Shalom queridos, tenho postado pouco neste blog, pois tenho trabalhado mais com o blog da Hayk´la Arazuta d´Madvra - A Comunidade Mística do Deserto. Mas vou retornar a postar aqui no Judaísmo do Deserto. Enquanto isto, vocês podem acessar o blog da Hayk´la Arazuta. Segue o link. Obrigado a todos. Shalom